Cashless economy: por que digitalizar o dinheiro é inevitável?
Você sabe o que é cashless economy? Em tradução literal, esse termo significa economia sem dinheiro. Trazendo isso para a prática, isso significa que as transações financeiras são feitas utilizando métodos de pagamentos digitais, e não dinheiro em espécie.
Em vez de usar dinheiro físico, são utilizados meios de pagamento como cartão de crédito, cartão de débito, carteira digital, Pix e outros similares.
Talvez, você esteja pensando: “Ok, mas isso já acontece no dia a dia, qual a novidade”? A “novidade”, por assim dizer, está no fato que a tendência cashless economy ganhe cada vez mais espaço, especialmente considerando que vários países já estão caminhando para o lançamento das suas moedas digitais.
O Drex, por exemplo, será a versão online do Real em espécie usado aqui no Brasil. Tendo exatamente o mesmo valor e funcionalidade que a moeda nacional impressa, a virtual será uma opção para aqueles que querem migrar do mundo financeiro físico para o online.
Mas o Brasil não é o único a seguir esse caminho. China, Estados Unidos, Rússia, Reino Unido e Índia também já estão em fase de estudos para a implementação das versões digitais das suas moedas oficiais.
É certo que a pandemia do coronavírus acelerou a expansão dos pagamentos digitais — inclusive, um estudo divulgado no site UOL revelou que as mudanças que aconteceram nos primeiros 12 meses da emergência sanitária são equivalentes ao que demoraria 10 anos.
Esse mesmo levantamento, que aborda dados sobre os pagamentos digitais da América Latina, apontou que as empresas que migraram para sistemas de vendas online tiveram um aumento de 74% nas vendas. E aquelas que adotaram pagamentos eletrônicos para vendas presenciais tiveram crescimento de 82%.
Somando o impacto da pandemia com a evolução tecnológica pela qual os processos financeiros e de pagamentos vêm passando, pode-se dizer que a digitalização do dinheiro é um processo inevitável? Confira a resposta neste artigo!
O que é cashless economy?
Cashless economy se traduz como economia sem dinheiro. Isso quer dizer que são usados meios de pagamentos digitais para adquirir produtos e serviços, em vez do dinheiro em espécie.
Ainda que o número de pessoas bancarizadas no Brasil seja alto, vale lembrar que 34 milhões continuam sem acesso aos bancos, o que equivale a 10% dos brasileiros, segundo dados apresentados no Valor Investe. Nesse cenário, o volume de dinheiro impresso segue em queda.
De acordo com o Relatório de Tendências da Zoop, R$ 40 bilhões em espécie deixaram de circular no país. Esse montante representa 10,5% a menos em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Por outro lado, houve o crescimento de vários métodos de pagamentos digitais. Por exemplo, o relatório de tendências da Zoop também apontou que o Pix se consolidou nessa categoria, e já é utilizado por mais de 117,7 milhões de brasileiros.
As carteiras digitais seguem a mesma linha de crescimento, com adesão de 89% das pessoas.
Os pagamentos por aproximação também se destacam, conforme apresentado no relatório “Balanço do setor de meios eletrônicos de pagamento”, da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs).
A pesquisa em questão constatou que os pagamentos por aproximação (contactless), tiveram um crescimento de mais de 384%. Isso resultou em R$ 198,9 bilhões movimentados apenas nessa modalidade.
E, se formos considerar apenas os pagamentos feitos por meios eletrônicos mais “tradicionais” apresentados no levantamento — ou seja, os cartões de crédito, de débito e pré-pago —, temos os seguintes números que comprovam como a cashless economy já é uma realidade aqui no Brasil:
- total transacionado: R$ 2,65 trilhões | +33,1%
- cartão de crédito: R$ 1,6 trilhão | +36,6%
- cartão de débito: R$ 916,3 bilhões | +20,2%
- cartão pré-pago: R$ 117,1 bilhões | +158,5%
Quais são as vantagens da cashless economy?
Com base em todos esses números, ao que tudo indica, a cashless economy é um fato que só tende a crescer mais e mais a cada dia. Mas por quais motivos a digitalização do dinheiro é importante? Quais são as vantagens da cashless economy?
Sobre isso, podemos citar uma série de benefícios que afetam tanto a população quanto as empresas e o governo. Algumas dessas vantagens são:
- meios de pagamentos digitais são possíveis de ser rastreados, contribuindo para o controle de crimes, como a lavagem de dinheiro e as fraudes financeiras;
- podem fomentar a criação de novos modelos de negócio e, com isso, gerar mais empregos;
- são mais seguros, pois manusear uma grande quantidade de dinheiro em espécie torna alguém mais vulnerável aos furtos e assaltos;
- as pessoas têm maior controle de gastos, pois o histórico das transações com dinheiro digital são facilmente rastreáveis em extratos de cartão;
- a cashless economy é um modelo mais sustentável, pois evita a impressão de dinheiro e contribui para uma economia cada vez mais verde;
- tais pagamentos são mais rápidos, práticos e baratos (do ponto de vista operacional).
Quanto a esse último ponto, vale destacar que o custo do dinheiro em espécie vai muito além do gerado por sua produção.
Nesse contexto, também entram questões voltadas para o tempo de geração das cédulas e moedas, além dos gastos com logística, transporte e segurança.
Imagine, por exemplo, quanto tempo é poupado pelo departamento de finanças de uma empresa que não precisa mais contar cédulas de dinheiro para gerenciar o balanço?
Além do mais, a cashless economy contribui para a automatização de processos financeiros. Por exemplo, uma empresa de varejo pode contratar um gateway de pagamento, como o Zoop Payments, para centralizar as entradas e saídas da conta comercial.
Como assim? Todo valor adquirido em vendas cashless cai de forma instantânea na conta da empresa, facilitando a gestão financeira. Não importa se é Pix, boleto bancário, cartão de débito ou crédito e carteiras digitais.
Como está a digitalização do dinheiro no mundo?
Indo além da expansão do uso de meios de pagamentos digitais que acabamos de citar, no conceito de cashless economy, também entra a digitalização das moedas nativas dos países.
A China, um dos países mais avançados nesse processo, desde 2020 está em estudo e testes para a implementação da Yuan Digital, versão da sua moeda fiduciária, também chamada de e-CNY.
Conforme publicado pelo portal InfoMoney/CoinDesk, o Yuan Digital é usado por mais de 140 milhões de chineses e já movimentou mais de US$ 9,7 bilhões.
Ainda que funcione com base em blockchain, não se trata especificamente de uma criptomoeda, visto que é emitida e controlada pelo banco central da China, ou seja, não é descentralizada.
Por aqui, o Drex (Real Digital) tem o lançamento previsto para 2024, segundo informação apresentada no portal do Senado Federal. Ele é uma CBDC, Central Bank Digital Currency, moeda alternativa brasileira com exatamente o mesmo valor e função do Real em espécie.
A ideia do governo é que a população use a versão digital da moeda fiduciária nacional para as mesmas aplicações que atualmente tem o Real em espécie, tais como pagamento de contas, produtos e serviços, investimentos, transações financeiras etc.
As mudanças de hábitos de pagamento, com a moeda digital brasileira, poderão ser vistas por meio de processos mais otimizados, rápidos, precisos e tecnológicos, os quais beneficiam tanto as empresas quanto seus clientes.
Vale destacar que, assim como a versão chinesa, o Real Digital não é uma criptomoeda, considerando que é emitida e controlada pelo Banco Central do Brasil. Porém, isso não tira dela seu poder de inovação e potencial para intensificar o processo de uma economia sem dinheiro no nosso país.
Como os dispositivos móveis contribuem para a cashless economy?
Os smartphones e outros dispositivos móveis são importantes para a cashless economy não só por fornecer acesso à internet e às plataformas digitais.
Afinal, esses aparelhos já contam com tecnologias para realizar pagamentos por aproximação, como o Near Field Communication (NFC) ou Magnetic Secure Transmission (MST).
Por meio deles, o consumidor não precisa mais utilizar o cartão para realizar as transações, já que basta aproximar o smartphone ou outro dispositivo cadastrado para a maquininha realizar a transação.
A tecnologia contactless necessita o cadastro de uma carteira digital com os dados do cartão no dispositivo móvel. Dentre as principais carteiras digitais disponíveis, temos: Google Pay, Apple Pay e Samsung Pay.
Esse método de pagamento gera ainda mais agilidade e comodidade, pois não requer senha, o que facilita o andamento de filas nos estabelecimentos e torna a experiência mais fluida para o cliente e o comércio.
Falando nisso, a tecnologia NFC possibilita também que empreendimentos possam utilizar apenas um smartphone para receber pagamentos por aproximação.
Por exemplo, o Nubank firmou uma parceria com a Zoop para lançar o Tap to Pay. Essa ferramenta permite que o smartphone do comerciante funcione como uma maquininha de cartão, desde que tenha o sistema operacional Android.
A tecnologia que tornou o Tap to Pay possível foi desenvolvida pela Zoop e é conhecida por SDK, Software Development Kit, que, em português, significa Kit de Desenvolvimento de Software.
O SDK tem um conjunto de APIs que permitem o funcionamento de um smartphone com o app da Nubank como um terminal de pagamento para receber transações contactless de outros dispositivos e cartões com essa função.
Essa é outra inovação que mostra como a cashless economy é um conceito que chegou para ficar e transforma totalmente a forma como lidamos com o dinheiro.
A cashless economy já é uma realidade!
E aí, o que achou do nosso artigo? Entendeu direitinho o que é cashless economy, suas vantagens e as principais tendências desse conceito inovador?
No entanto, é importante salientar que uma maior implementação desse modelo em nosso país depende mais de uma maior bancarização e inclusão digital da população.
Só assim será possível que nossa economia veja o dinheiro em papel como algo do passado e entre, de forma integral, no mundo digital.
Gostou do conteúdo? Fique de olho nas novidades do blog para mais artigos com dicas e informações sobre as novas tendências do universo financeiro! Até a próxima!
Este artigo foi escrito pela Movile, empresa que realiza investimentos de longo prazo em empresas de tecnologia na América Latina e visa ser a maior ‘thesis maker’ da região.
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